O Coral de São Domingos recebeu há poucos dias um coral italiano de Ardea, uma localidade perto de Roma. Não há que ignorar as experiências, sempre muito positivas, que este intercâmbio trouxe consigo. Para além da troca de amizade e conhecimento que acompanhou a troca de partituras entre portugueses e italianos, há o reforço da equipa do coral anfitrião que, mais uma vez, se excedeu no seu profissionalismo amador, quer em concerto quer a receber, com uma pompa simples e uma circunstância natural, os novos amigos, vindos de longe. Isto para não falar da importância de todas as entidades, que continuam, firmes e confiantes, a apoiar o coral montemorense.
Como me dizia o meu amigo Vítor Guita dias antes do encontro, a música é, afinal, uma linguagem universal que une pessoas diferentes mas iguais em muitas das suas ansiedades e esperanças. E o coro de Montemor tem como troféu mais valioso esses laços cultivados em todo o país e um pouco por toda a Europa, porque a música acaba por trazer à superfície de cada um o que cada um tem de melhor: a amizade, a disponibilidade, o sentido de hospitalidade, a tolerância e o respeito pelo Outro na sua diversidade pessoal, linguística e musical. Um dia, alguém perguntou a um cantor do coro de Montemor: “Podias viver sem o Coral de São Domingos”? Ao que ele respondeu: “Poder podia, mas não era a mesma coisa.” E tem razão.
Se eu hesitei antes de escrever o que acabaram de ler? Hesitei, porque estou lá mergulhado até ao pescoço desde a primeira hora. Mas o que é verdade tem de ser dito. Que me desculpem os menos afortunados.